quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Mais dois capítulos

No capítulo 6 (Audição Heurística), Huron mostra como a estrutura estatística da música não corresponde exatamente à análise tradicional da notação, o que diminui muito a sua eficácia em descrever a experiência musical e, no capítulo 7 (Representações Mentais da Expectativa - I), ele começa a construir sua teoria a partir de níveis bem primários da experiência auditiva, como a habilidade de localizar um som ou a especialização de áreas do cérebro na percepção da tonalidade (como é óbvio, as frequências que existem no ar não são "trasmitidas" aos nervos pelo ouvido, elas são codificadas pelos neurônios) e sobre a relação entre audição e aprendizado.

Os experimentos relacionados por Huron levam sempre à mesma conclusão: intervalos, tonalidades, etc são objetos de aprendizado estatístico. De longe, o experimento mais espantoso é o de Janata et alii "Topografia cortical das estruturas tonais subjacentes à música ocidental", publicado em 202 pela Science. Usando mapeamento cerebral, o estudo confirma que o célebre círculo de quintas não apenas pode ser mapeado em zonas específicas do cérebro (ou seja, os centros de reconhecimento de tonalidades musiciais se estruturam espacialmente no cérebro), como é específico de cada indivíduo. Cada cortex cerebral distribui a percepção das estruturas tonais a seu jeito. Cada ser humano, de fato, reconhece as frequências de um jeito único, resultado de sua experiência auditiva única.

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