terça-feira, 29 de março de 2011

Dezoito e dezenove

Neste momento, esperava-se uma demonstração, mas, primeiro, apresenta como evidência a tese (vejam bem, a tese) de Church-Turing, "todo processo mental definido em seu produto pode ser reproduzido por uma máquina (um programa)". Depois, isso lhe permite expor uma outra tese (apenas uma tese...):


"Com a evolução da inteligência das máquinas, seus mecanismos subjacentes vão EVENTUALMENTE CONVERGIR (destaque meu) para os mecanismos subjacentes à inteligência humana".

Deixando de lado o "eventualmente" e as refutações capengas do Lucas, Hofstadter é obrigado a reconhecer, contudo, que outro teorema, o de Tarski, monta o paradoxo de Epimênides dentro de um programa do tipo TNT. Em termos práticos, um programa de computador não tem como embutir um procedimento de decisão relativo à verdade de um teorema. Ou seja, não é apenas a linguagem corrente que está vulnerável à auto-referência, também a linguagem formal está.

Aí o Hofstadter improvisa. Reconhece que é preciso separar sintaxe de semântica, que o significado dos termos depende de uma "estrutura cognitiva", que não é apenas soft, nem apenas hardware, e tira o último coelho da cartola (pág 584): o paradoxo de Epimênides deve ter um substrato neural!!! A consequência é espantosa:

"O resolução envolve abandonar a noção de que o cérebro possa prover uma representação acurada da noção de verdade. A novidade dessa resolução jaz sobre a sugestão de que a total modelagem da verdade é impossível por razões físicas: tal modelagem requer a ocorrência de eventos fisicamente incompatíveis no cérebro" (pág 585).

É onde levou sua idéia de que o pensamento pode ser reduzido a um processo mecanicista...

O capítulo 18 é recapitulação e apologia. Apresenta mais uma versão do teste de Turing, celebra o "quanto já foi conquistado" pela AI, registra as objeções conhecidas, descarta-as todas sem fundamentar as refutações e faz promessas para o futuro. No capítulo final, ele recebe uma objeção final dos próprios conhecidos.

No capítulo 19, mais promessas e perspectivas, seguida de uma longa discussão dos chamados problemas de Bongard. Páginas e páginas para discutir se um quadrado com três bolinhas é diferente de um quadrado com duas bolinhas e um traço. Quando cansa, passa... às enzimas, uma "fonte de idéias para a AI".

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