quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Hofstadter vs Lucas

Este é um capítulo interessante. Depois de muito trololó, Hofstadter avança até a fronteira definitiva: a prova de Gödel alcança todos os sistemas dedutivos-formais que buscam replicar os "códigos naturais", seja o pensamento, seja o DNA. Em termos mais simples, todas as modalidades de formalização dos processos mentais e naturais - a lógica, a matemática, os programas de computador, a AI, etc - são vulneráveis à incompletude, à incapacidade definitiva de provar todos os teoremas implicados em seus postulados.

Neste ponto, ele invoca o trabalho de um filósofo inglês, J. R. Lucas, que dá o passo seguinte: a prova de Gödel é a prova de que o pensamento, a mente, a vida não podem ser reduzidos a um mecanismo. Eles possuem um quê, um sabe-se-lá-o-quê, que é irredutível a uma descrição ou emulação mecanicista. Esse quê é que torna um computador incapaz de pintar um quadro como Rembrandt ou compor uma música.

Hofstadter é incapaz de oferecer um refutação da contestação de Lucas, para além do "não concordo", do "não vejo assim" e de um argumento lógico de evidente fraqueza: Lucas está errado por que a mente não pode 'godelizar" indefinidamente os sistemas formais. Ou seja, invoca um argumento de facto, quando ele mesmo não pode oferecer um sistema formal que, de facto, emule a mente humana. Ou seja, transfere o argumento para o plano do experimento mental, mas exige a lógica dos argumentos de facto.

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