terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bach, músico e poeta

Existe também uma especulação em torno de um "libretista oculto", Christian Weiss Sr., o pregador de São Tomás. As primeiras cantatas compostas em Leipzig não têm autor definido e Tagliavini sugere que uma boa indicação seria o próprio pastor da Igreja. Mas não há prova documental dessa colaboração. Em outro capítulo, ela examina a possibilidade de que o texto de muitas cantatas tenham sido arranjados e criados pelo próprio compositor. Várias indicações concorrem para essa hipótese:

a) é frequente sua intervenção nos textos publicados pelos libretistas, com o propósito de torná-los mais simples, mais diretamente emocionais e mais adaptados à música;

b) não há outra origem possível para os textos usados nas "paródias", quando não havia como convidar o poeta original para escrever outra versão para a mesma música.

Com base no "estilo Bach", reconstruído a partir dessas correções e reelaborações, Tagliavini estuda várias cantatas sem autoria conhecida e pertencentes a períodos em que ele não trabalha diretamente com nenhum libretista conhecido e chega a uma lista de possibilidades. A lista inclui as cantatas compostas imediatamente na chegada a Leipzig - como as de número 75, 76, 70, 147, 186, - e outras mais tardias - 51, 27 e 56. Ele admite que é especulativo, mas há razões históricas e estilísticas para achar que tais textos foram compostos e elaborados por Bach.

Tagliavini é o primeiro a reconhecer que não há "grande poesia" nesses textos, mas essa possibilidade revela um envolvimento do compositor com a composição das cantatas que não permite vê-las como mero trabalho de ocasião. Nesse sentido, é uma indicação biográfica relevante.

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