sábado, 8 de janeiro de 2011

Antigos e modernos

Outro capítulo brilhante do Palisca - o nove - cujo foco é o tratamento dado pela Renascença ao fato "inédito" de que música ganhara não apenas uma profundidade histórica - havia agora um estilo novo e um estilo antigo -, mas uma diversidade de públicos (a Igreja, os círculos nobres, o público do teatro) e de formas. Um mero procedimento combinatório, envolvendo os estilos, os públicos e as formas, produzia uma grande variedade de abordagens e gêneros musicais. O que fizeram estudiosos e compositores para lidar com tal diversidade?

1. Inventaram alguma teoria evolutica maluca para desprezar o pasado e dizer que o presente é a melhor coisa que existe? Não.

2. Produziram alguma ideologia maluca para dizer que a música para o teatro é "melhor"do que a música para os círculos nobres? Que é mais democrática? Não.

3. Produziram algum nacionalismo de galinheiro para dizer que a música alemã é melhor que a francesa que é melhor que a italiana? Não.

Nada disso, gente ilustrada e sofisticada como Marco Scacchi, Athanasius Kircher, Pietro Pontio escreveram justamente que cada um desses gêneros e estilos tinha sua excelência própria, sua perfeição própria. O verdadeiro músico-intelectual é aquele que busca excelência em todos eles, pela busca do conhecimento mais amplo possível. Foi essa abordagem que permitiu a multiplicação de gêneros e ídéias que, segundo Palisca, garante a longevidade da música Barroca.

Se alguém no século XVI, tentasse convencer um erudito como Athanasius Kircher que a música do passado deveria ser descartada e que a música evolui, receberia, no mínimo, vaias dos estudantes...

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