sábado, 8 de janeiro de 2011

Teorias da monodia e música dramática

A crítica humanista à polifonia herdada da Idade Média foi acompanhada, no plano prático, pela emergência da "música dramática", as primeiras formas de canto acompanhado e das quais derivariam madrigais, recitativos, árias e óperas. Havia a reividicação de imitação da Antiguidade, sustentada pela tese de que comédias e tragédias gregas eram cantadas e pela sugestão de que a música era capaz de produzir emoções específicas.

Sim, o argumento, mesmo baseado em uma visão incorreta da música na Antiguidade, é familiar: uma música mais simples, mais ligada ao texto, monofonia, "estilo expressivo". A partir da Itália, o novo estilo foi se espalhando pela Europa, com variações específicas na França (ênfase na associação com o texto metrificado) e na Inglaterra (ênfase em ritmos dançantes). Na Itália, a translação da produção musical sairia de Florença e Mântua para Roma e depois para Veneza, onde uma cultura burguesa criaria as condições para a emergência da ópera no início do século XVII. Por sinal, Veneza não inventa apenas a ópera, mas o negócio moderno da música, o teatro com camarotes alugados, o ingresso individual e os "efeitos especiais" (iluminação, figurinos, adereços, alegorias, etc). A tal ponto, sustenta Palisca, que por volta de meados do século XVII, a "música expressiva" começaria a influir também a música religiosa.

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