sábado, 8 de janeiro de 2011

Música e descoberta científica

O capítulo 8, até aqui, é o mas fascinante. Ele vai mostrando como o estudo da música se conecta com a pesquisa científica nascente e como as experiências com o som revelam os erros das teorias "matemáticas' herdadas da Antiguidade. Para "dobrar"uma oitava numa corda, é preciso mais do que o dobro do peso, é preciso o quádruplo. Em uma coluna de som, é preciso o "cubo" das medidas e não o dobro ou o quadrado. A produção do som nunca é "limpa": uma corda, um cilindro produzem outras frequências além da fundamental. Os intervalos nunca são perfeitos. Ou seja, toda a ciência "musical" da Antiguidade era baseada em malabarismo com números e não com observações da natureza.

O discurso sobre a Música entrou, portanto, na vanguarda do pensamento científico e, de forma quase lírica, com a ajuda de Vicenzo Galilei e seu filho, Galileu Galilei, cientista, filósofo e músico amador. E a lista de escritores sobre a física da música nas décadas seguintes inclui Robert Hooke, Huygens e Descartes. Ao final desse processo, a música estava livre da herança da Antiguidade e sua base estritamente científica e experimental consolidado: o caminho aberto para formular, em um novo contexto, uma teoria da expressão musical. Ela iria seguir, como sabemos, o caminho da retórica e da lógica.

Esse capítulo produz alguma melancolia, pensando nos séculos posteriores. Na transição do século XVI para o XVII, a vanguarda do pensamento sobre música é composta pela elite científica da Humanidade. As questões e propostas da Antiguidade estão sendo resolvidas com experimentos, por gente do porte de Galileu, Christian Huygens ou Isaac Newton... Galileu compõe música para testar suas teorias sobre o temperamento e os intervalos. Hoje em dia...

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