quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O koan e a música de Bach

Novamente, são mais alguns capítulos - 7 e 8 - que poderiam figurar em livros de divulgação. O primeiro é um resumo da simbologia do cálculo de proposições (lógica formal) e o seguinte uma apresentação mais detalhada dos procedimentos da prova de Goedel, o que ele chama de "teoria tipográfica dos números". Visto do ano de 2011, trivial simples. No capítulo 9, há, ao menos, uma idéia interessantíssima: a conexão entre a idéia de incompletude de aritmética (e da lógica) e a técnica do koan pelo Budismo Zen.

Se pensarmos no exprimível de forma coerente, definido de forma lógica, como um conjunto de teoremas, o que Gödel mostrou é que existe algo fora desse conjunto sobre o qual o exprimível não tem como se manifestar. Assim, se despirmos os koan do budismos Zen de seu substrato religioso, teremos um técnica linguística de apontar para o que está além da linguagem. O koan e a prova de Göedel seriam, digamos, equipotentes.

Se o exercício deliberado do paradoxo (o budismo Zen) e se o exercício deliberado do rigor (a lógica ocidental) nos deixam sobre a fronteira do sentido que não pode ser descrito, onde nos deixa a linguagem que lhes é aparentada, a música de Bach?

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