quarta-feira, 21 de julho de 2010

Ainda sobre o Allegro

"O tratamento do contraponto nesta fuga é excepcional (sim, o allegro é uma fuga..). A primeira entrada do sujeito é apoiada por uma linha no baixo casual demais para ser reconhecida como contraponto e, de fato, avança sem recorrência. O par de contrapontos da segunda entrada retorna duas vezes, com duas entradas do grupo médio confiadas às vozes mais altas. O par de contrapontos da terceira entrada retorna uma vez, com uma entrada conclusiva do grupo médio. Assim, os contrapontos da exposição são todos eles usados novamente no segundo terço do movimento" (pág 133).

"Ora, a introdução de um novo contraponto no fim do movimento é capaz de perturbar a unidade de forma. Bach elimina esse perigo ao estabelecer o último contraponto como a conclusão de um desenvolvimento rítmico. Ele começa o movimento com notas mais lentas, então adicional algumas mais rápidas, constrói com elas um episódio, amplia a recapitulação desse episódio com uma extensão em notas mais rápidas e finalmente usa esse movimento extremo como contraponto das últimas entradas do sujeito. - os contrapontos entrando após a recapitulação do contraponto previamente introduzido. Assim o movimento adquire unidade, ainda que o último par de contrapontos não tenha recapitulação, e consuma, ao mesmo tempo, o desenvolvimento com um clímax." (pág 134).

O fascinante é que, para David, essa conclusão representa exatamente uma solução para o "problema" do Ricercare a 3: a não retomada dos três últimos pares de contrapontos. Será que Bach, ao final da Sonata da Oferenda, apresenta uma "solução" para os "problemas" formais do Ricercare a 3?

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