Era preciso, portanto, um criador, um poeta que fosse capaz de tratar dos temas religiosos com habilidade, dentro das formas mais adaptadas ao uso musical (inclusive com o uso de recursos considerados operísticos, como o recitativo e o da capo). O nome desse artista é Erdmann Neumeister, o pastor de Hamburgo, autor de boa parte dos textos da cantatas de Telleman e que publica suas obras a partir de 1716.
Essa data é um bom lembrete sobre a inadequação da classificação de Bach como um "artista conservador". Quando Bach começa a compor cantatas em Weimar, a "cantata nova" é uma novidade top de linha, assim como a música de Vivaldi. Um dos melhores exemplos dessa produção é a BWV 61, com sua mistura de coros brilhantes, recitativos bíblicos e árias espetaculares.
Bach, musicando poemas de Neumeister, está, na verdade, na linha de frente da mudança na música litúrgica protestante e também na literatura em língua alemã. Os "madrigais" do poeta de Hamburgo talvez representem, na verdade, um novo gênero de arte na Alemanha. Para usar a retórica dos "cadernos de cultura" atuais, Neumeister era um revolucionário, quebrando paradigmas.
(12 de maio de 1671 – 18 de agosto de 1756)
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