terça-feira, 6 de julho de 2010

Hipóteses

São dois os níveis de abstração já expostos:

O Tema Régio é apenas uma base sobre a qual são construídas relações lógico-musicais, dos Cânones, à Sonata, até o Ricercare, que, por sua vez, embute, em si mesmo, a Sonata e os Cânones. Como a fita de Moebius, a Oferenda se estende sobre si mesma e tem sempre a mesma face. No limite, a música, como matéria sensível, tende a zero pois o relevante é a relação entre as peças.

A instrumentação não define a personalidade timbrística da Oferenda; é apenas o veículo material de uma de suas dimensões (o contraponto, o conjunto, o ricercare). A instrumentação é um ponto de vista, de onde contemplamos a Oferenda. Está aberta, portantos, aos instrumentos do futuro e também das inteligências alienígenas. Na verdade, pode mesmo ser executada no Paraíso, cujos instrumentos desconhecemos. Aliás, Deus é a única inteligência que ouve corretamente a Oferenda em toda a sua complexidade*.

* Essa proposição é trivial, uma vez que a omnisciência divina garante a compreensão integral de todas as implicações da Oferenda. Se, contudo, a composição é fruto do livre arbítrio do compositor, Deus não pôde interferir em sua criação. De alguma maneira, ouviu, ao menos pela primeira vez, a Oferenda.

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