terça-feira, 13 de julho de 2010

Plano original

No capítulo 7, David, que está oferecendo a primeira edição "corrigida" da Oferenda (1945), expõe sua hipóteses para a ordem original das peças. O assunto parece de somenos, mas não é: o próprio editor (Schubler) confundiu-se na publicação e não existe mais o manuscrito original (apenas do Ricercare a 6). Usando a cópia dedicada a Fred II, depositada na biblioteca da princesa Amália e depois transferida à Biblioteca Real Prussiana, ele restabelece o plano original e corrige uma impressão criada logo por Spitta, que não reconhecia na Oferenda uma obra unificada.

David também recupera a cronologia das soluções para os cânones, cujo ponto inicial é obra de um discípulo tardio de Bach ainda em 1763. Até a primeira publicação acadêmica da Oferenda, realisada pela Casa Peters, em 1937, ele registra quase duzentos anos de análise mais ou menos contínua do material da Oferenda - uma demonstração de quanto a "fama" de Bach é uma questão relativa. A Oferenda
que ouvimos hoje, uma obra integral, organizada, simétrica, executada com uma correta análise histórica, data, portanto, da edição Hans Theodore David, de 1945. Mesmo a edição Peters (1937) inclui marcações de dinâmica e ornamentos não originais, introduzidos pelo editor.

Nota delicada: o manuscrito do Ricercare a 6 foi preservado por Carl Phillip Emmanuel, que o guardou até a sua morte. A partitura foi leiloada junto com seus bens em 1791, adquirida por outro aficcionado por Bach e enfim doado à Biblioteca Prussiana. Que Deus preserve o bom nome de Carlos Felipe, filho de João Sebastião!

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