segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sonata

Nas peças da Sonata, o Tema Real tem uma presença mais livre e assim acontece no primeiro movimento, o Largo. Tecnicamente, são três grupos de 16 compassos, a primeira parte com repetição, uma segunda com contraponto e uma terceira de recapitulação. O Tema Real surge principalmente no baixo.

Bach, justamente por usar mais livremente o TR, escolhe, a cada movimento, uma "assinatura" diferente. No caso do Largo, é o salto de sétima da primeira parte do tema. Também usa variados formatos para denotar complexidade crescente. Na segunda seção, o primeiro motivo retorna, mas invertido. Na terceira seção, recapitula-se a primeira, com inversão na entrada dos instrumentos. Conclui David:

"No conjunto, o movimento exibe uma maravilhosa combinação de liberdade e regularidade: tendo o caráter de livre fantasia é, ao mesmo tempo, uma obra prima de estrtutura formal. Isto é particularmente conveniente para constituir um "prelúdio" (que é seu caráter na sonata) de uma fuga. Sua relação com o Allegro seguinte é enfatizada por um nexo temático, pois o último de seus motivos principais é usado no Allegro sob os mais variados padrões." (pág 117).

Note-se aqui um detalhe maravilhoso. Para iniciar sua Sonata, o Mestre reduz, obviamento, o uso dos mecanismos estritos da polifonia. Não há inversão formal, aumentação, espelhos e coisas que tais. Entretanto, ele vai usar os mecanismos latos da polifonia: a assinatura temática, a relação sugerida, a imitação, etc. Mesmo quando a peça não é polifônica, ela a emula, mesmo no mais galante dos formatos.

Trata-se de uma citação? De uma ironia? De uma homenagem?

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